O Bullying é um tipo de discriminação onde os agressores utilizam-se da violência física e psicológica intencionalmente e repetidamente para intimidar e agredir as vítimas, que por sua vez, são incapazes de se defender. Segundo conceituação de Fante (2005, p. 29): “É um comportamento cruel, intrínseco nas relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais frágeis em objetos de diversão e prazer, através de brincadeiras que disfarçam o propósito de maltratar e intimidar”.
O Bullying é uma forma de violência que é manifestada com palavras, gestos e ações, podendo começar por uma chacota até a humilhação verbal e física. É fácil perceber quem é o agressor e a vítima, os agressores sentem-se no direito de assim proceder, porque são os mais fortes, mais bonitos, mais espertos, detentores de mais poder no grupo, mais influentes, mais ricos. Já as vítimas comungam traços negativos: mais pobres, mais feias, mais afastadas do padrão de prestígio.
A prática do Bullying pode ser facilmente percebida em casa, pelos pais, quando flagram seus filhos em cenas de crueldade, ameaçando e humilhando com apelidos o outro, e que vira um ato de violência muito sério nas escolas, onde acontece longe do olhar do educador / professor e na maioria das vezes, não deixam marcas visíveis no corpo da vítima. Tende a ocorrer em contextos relativamente isolados, distantes das autoridades educacionais, em ambientes em que a vítima não está junto das pessoas que poderiam defendê-la, não raro está sozinha, é mais frágil e tem menos força do que seus agressores e com isso não têm alternativas ou recursos para defender-se.
Em uma pesquisa realizada pela Abrapia (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência) em 2002, em onze escolas situadas no município do Rio de Janeiro, duas particulares e nove públicas, de 5ª a 8ª séries, foram ouvidos 5.800 estudantes. Segundo a Nós da Escola, desse total, 40,5% dos estudantes admitiram que estiveram diretamente envolvidos em atos de bullying em 2002, sendo que 16,9% se identificaram apenas como tendo sido alvos; 12,7%, como autores; e 10,9%, autores e alvos. Os 57,5% restantes negaram ter participado de situações de bullying.
É notório que este fenômeno, para os alunos, não é visto como algo alarmante, pois os autores da molestação alegam que estão apenas brincando; e até mesmo aquelas pessoas que são vitimas que sofrem agressão e/ou abusos por partes dos/das colegas não os denunciam, provavelmente com medo de represálias dos mesmos. Para Aramis Lopes, (2003, p. 13): pediatra e coordenador da pesquisa, os dados são semelhantes aos encontrados em outros países e revelam um quadro nada animador “Essa questão é uma preocupação mundial; mesmo porque não há como prever nem como avaliar a gravidade das experiências de bullying, como autor ou como alvo, na vida de cada criança ou jovem”.
A criança ou jovem que se torna vítima ao Bullying pode sofrer danos futuros irreparáveis em suas vidas futuras, acarretando, segundo Fante (2005), prejuízos em suas vidas futuras, em suas relações no trabalho, em sua futura constituição familiar e na criação de filhos, além de prejuízos para a sua saúde física e mental. Há estudos que comprovam que aqueles que vivem situações de bullying podem ter comprometimentos, como o rendimento escolar inferior, e também o desenvolvimento social, emocional e psíquico atingidos. E em alguns casos, mais afastados, podem levar as vítimas ao suicídio, pois preferem a morte a ficar agüentando tal perseguição.